demo

Estava com o segundo comprimido na mão, prendia-o com força entre os dedos para que ele não escapasse, não queria perder nenhum, queria engolir todos, queria senti-los estufando no estomago e os elementos químicos entrando na corrente sanguínea. Não sabia bem como era, mas queria sentir o cérebro tendo câimbras, se contraindo de cólicas, queria ver as geniais idéias morrerem uma a uma, queria ver as lembranças passarem todas de uma vez, como um monte de fotos coladas em um pano branco. Queria sentir o coração perder fôlego, sufocar. Queria sentir as veias entupindo, a boca se vestir de um amargor químico. Queria ver o escuro das vistas aparecerem. Queria morrer. Sim. Queria morrer.

Tinha uma cartela inteira de comprimidos do irmão que os tomava por um problema de saúde que havia tido no ano anterior. Era noite. Todos dormiam e parecia que a casa era inteiramente dele naquele momento. A vontade, que tanto tinha, de estar sozinho se fazia real naquele momento. Por instantes se deteve pra poder sentir melhor o gostinho de liberdade. Mas não estava liberto, todos estavam ali, dormindo.

Pôs o segundo comprimido na boca, hesitou por um instante, pegou o copo com água para engolir o comprimido, nunca conseguiu engolir comprimidos sem água, eles sempre se desfaziam antes na sua boca e liberavam o gosto amargo. Por menores que fossem nunca os conseguiu engolir em seco.

Quando o copo estava quase alcançado seus belos lábios que pareciam desenhados à mão, sua mãe entrou na cozinha e ele pulou para trás de susto.

- O que está fazendo?
- Nada – tentava esconder o comprimido, relativamente grande, debaixo da língua.
- Você está tomando os comprimidos do seu irmão? Você está tentando se matar?

A mãe já estava de olhos marejados. Já fazia algum tempo que eles sempre estavam assim. Não conseguia parar de chorar.
Ela o abraçou e implorou que ele não fizesse isso, enquanto lembrava da tarde anterior, quando o filho teve uma crise e gritou inúmeras vezes que queria morrer...

- Chega, mãe. Eu cansei de ser o filho perfeito, eu quero errar, merda! Eu quero cometer erros, eu quero aprender errando.
- Você não sabe o que está dizendo, meu filho. Errar não é bom.
- EU QUERO MORRER!

...Ela lembrava, enquanto ele congelava o rosto, não queria chorar.

- Não vou me matar, mãe. Vou continuar vivendo parasitamente, miseravelmente.

Essa foi a primeira das muitas vezes que ele mentiu e conseguiu se enganar, porque naquele momento, ele realmente acreditou que não queria mais morrer.

Parecia que sua vida inteira não passava de uma versão demonstrativa daquelas que são totalmente limitadas.

Comentários

FOXX disse…
sendo sincero
tava otimo até a mãe entrar na conversa
ai ficou sentimentalóide, na falta de uma palavra melhor...
Amanda disse…
Texto muito sincero, adorei
abraços,

Amanda
Anônimo disse…
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