Adão

Ele saiu da minha casa tentando se conter dentro das calças. Olhava a chuva esbarrando em seu corpo e sentia vergonha da natureza de homem que pulsava no meio de suas pernas. Ele decidiu correr na intenção de o vento gelado ir tirando de sua pele a vergonha quente e úmida que ele sentia. Via os postes correndo ao contrário, cada vez mais rápidos e mais postes cada vez mais. O chão parecia mole e ele sentia que algo saia de seu corpo numa textura estranha de vida. Sentiu-se sugado por mim, ele só sabia que era eu, mas nem lembrava quem eu era. Parou embaixo de um poste com luz amarela e ficou respirando o ar denso junto com água e engasgando de vez em quando. Sentia frio, mas não se encolhia para se esquentar. Quanto mais frio, mais sentia o corpo aberto e seco quanto mais água caia sobre ele. Foi olhando as paredes das casas da rua que ele viu a presença púrpura lhe escapar pelas narinas. E viu-se voando, esquivando da chuva desejosa e caindo em grandes correntes de ar. Viu-se levado pelo vento correndo luares e penetrando na noite. Viu-se em frente à janela do corredor e entrou, parando em frente a minha porta que estava sempre aberta bastava um toque seu. Entrou e me viu com a chuva em laços estranhos de prazer. Jogou-se na cadeira em frente e quis sentir-se leve quando sentiu seu pau quente e latejante e me olhando ele gozou. E da mesma forma que entrou ele saiu pela porta pela janela indo no vento penetrando a noite e parando embaixo do poste amarelo com o nariz escorrendo um púrpura vital. E não se sentia fraco, pelo contrário. Toda vez que passava a mão em seu corpo e sem querer encontrava uma ereção permanente, ele sentia-se rijo também. Com os dedos ele começou a brincar com o chão tirando grandes pedaços da rua com o toque do dedo. Em um grande buraco achou um cadáver de pássaro meio decomposto. Achou divertido o peso marionético que o corpo tinha e começou a jogá-lo pra cima. Caia pesado da mesma forma como subia e aquilo era extremamente engraçado e divertido. O cadáver caia em seu rosto quando a chuva caia em seu olho e o obrigava a fechá-lo impedindo de ver onde e quando o cadáver ia cair em uma das vezes até caindo em cima de sua boca o que ele só achava mais engraçado até que quando ele jogou o corpo novamente, aquele pedaço de carne e alguns ossos começou a se debater no ar e a soltar guinchos estranhos que assustaram o garoto que saiu correndo. Correu. Correu e correu mais. Ele correu até chegar em frente ao clube mas quando passava pelo estacionamento só sentiu o carro em cima de suas costelas. Ouviu por minutos alguém gritar. Era a voz de um homem que gritava com a voz de outro homem. As duas vozes ficaram ali batalhando em seus ouvidos enquanto tudo que via era o amortecedor do pneu esquerdo da frente do carro. Sentiu o cheiro da fumaça que saia do carro e quando finalmente abriu os olhos ele estava sozinho no estacionamento. Entrou no clube e mal deu quatro paços foi agarrado e beijado. A boca era quente e tinha gosto de álcool. Achou bom. Foi quando pensou que tanta coisa acontecia com os olhos fechados. Sentiu a mão descer em sua barriga e chegando até o meio de suas pernas sentindo-o duro. O homem segurou sua mão e foi até o bar. Ele o abraçou pelas costas enquanto o homem comprava mais uma bebida. Foi quando decidiu que deviam sair dali. O garoto o levou até um carro que não sabia como mas tinha a chave. O abraçou encostado no carro e sentiu-o duro também. Entraram no carro e quando acelerou o carro pulou em cima de um garoto que passava pelo estacionamento. Quando olhou para o lado, o cara ria vergonhosamente e tinha os olhos fechados se retorcendo no banco do passageiro. Começou a gritar para tentar chamar sua atenção. Saíram do carro e viram que o garoto atropelado estava desmaiado. Deixou o outro cara lá e saiu no carro. Me deixando lá sozinho com o garoto do estacionamento.

Comentários

FOXX disse…
já fiz os comentários via msn né?
Anônimo disse…
De fato, tantas coisas acontecem quando estamos de olhos fechados...
Inside Me disse…
que coisa heinnn...

Postagens mais visitadas