Políum

Modo de usar:
Obs.: É importante não ler o poema antes que os passos a seguir sejam feitos.

1º Carregue as 4 músicas, mas não ouça nenhuma, apenas carregue.
2º Dê play nas 4 músicas em sequência, é importante que as 4 toquem ao mesmo tempo.
3º Enquanto as 4 músicas tocarem ao mesmo tempo leia o poema, se acabar de ler antes que as 4 acabem de tocar, espere até que todas acabem antes de ler a mensagem que está entre parenteses ao final do poema. Só a leia depois que as músicas acabarem de tocar.












Políum

1º ou I

A parte má de mim,

sim, eu tenho,

não quer ser herói de feriado.

Gosta de rasgar carne com o dente,

de dormir no chão frio,

de saber que pode ser mais,

mas quer apenas o suficiente, como você.

Sabe que o mundo me precisa,

mas para merda com ele,

sou primitivo nessa forma,

quase cavernal. Tenho medo da

vida em conjunto, não gosto

do futuro nas estrelas, sou selvagem, como você.

Eu nego meus nãos, só

para ter o gosto de saber que

não concordo com ninguém,

como você.

Nesse estado, eu como você.

2º ou II

Eu tenho olhos tristes

em dias úteis, eu choro

com a chuva, eu uivo de raiva

mas choro de medo.

Eu uivo sozinho, vejo todos

como árvores e não quero

preservar esse ambiente.

Sou um pobre louco que

tem medo do que pode

fazer a si mesmo, sou tão

devastador quanto fogo

em uma poça de água.

Eu choro, só de ouvir meu

nome eu choro, porque não sou eu

que ele denomina, é alguma

outra coisa menos perdida

que eu.

3º ou III

Eu acredito no amor sacrificial. Aquele que precisa tomar algo para revelar-se. Ele me disse que era assim, disse ao mundo todo que o amor tinha que ser reinventado. Isso antes de saber como ele hoje é vendido até aos mais indignos. Não é digno de amar o ser que não pode sacrificar algo de si. Sim, há dor. Ah! A Dor é só o sinal de que seu sacrifício fora aceito. É como árvore podada que entrega um ramo, derrama seiva e combina os dois, reabsorvendo a essência para crescer outro. O amor pode ser eterno, sim ele me disse, mas eterno também será o sacrifício. Amor não se alimenta de amor, ele se alimenta de nós. Quem ama sem ser amado é porque não recebe um sacrifício em troca do que fora sacrificado. A culpa não é sua, nem do universo, é do ser medíocre, o seu amado, que não sabe o gosto que tem perder uma parte de si para ganhar amor fora de uma lata, sem cartão, desembrulhado. Eu sou só sacrifício, sou eterno sacrificado.

4º ou IV

Existiu um tempo, o

tempo dos meus deuses, em

que ser livre era ser feliz.

Hoje, ser livre é utopia

num quarto branco, num céu cinza.

Eu quis cantar revolução, mas

o par capaz de mim, vive numa

outra galáxia.

Eu ainda quero ser mais,

você está vendo que eu quero, mas

sou tão ocupado com as pequenas

prisões, que meus olhos continuam

fechados.

Eu rezo, rezo aos meus deuses

sujos de raiva, bêbados, os verdadeiros, os

Deuses de verdade, que abram

meus olhos, que sangrem

minhas mãos para pintar

as paredes.

O céu dos loucos é meu

paraíso, o lugar onde medo

e dor são dádivas, onde eu

sou irmão de um humano

tão sofrido quanto eu, com

chagas nos pulsos, inscrições

de sangue na nuca.

Eu sonho com o lugar, onde

Hinos de revolução são preces, onde

ser maldito é ser um

Deus diferente, pecado,

sacrificado, mas honrado

por ter gritado e mesmo silenciado

de alguma forma ele acendeu uma

chama de divindade no meio da

humanidade imunda.

5º ou V

“E embriagado o poeta engolia o Universo” (Rimbaud)

(Agora pense em exatamente como se sentiu ao ouvir as 4 músicas ao mesmo tempo enquanto lia os fragmentos do poema, cada um contendo um sentimento diferente, uma tônica diferente. Se você tentou focar nos sentimentos e as músicas te atrapalharam; se você se sentiu opaco, esparso, irritado e não conseguiu entender nada, é assim que meu coração e minha mente são.)