o nome do filho


E se. Não é assim que começa vida?, às vezes reticência. Sentada com as mãos no livro, uma mecha mais clara do cabelo carinhosamente impedindo a visão do olho direito, ela parecia cuidar de algo. Levantou a mão como quem fala e fez ondas sem olhar, como quem ama. E respirava como quem faz concessões. Diziam que ela via o futuro. Olhava sempre para as coisas como se fossem vácuos constantes, quase dinâmicos. Se pudesse, ela sempre pensava, se pudesse ver o que seria, qual a vantagem então de saber tudo?, sentia sempre o vento. O rapaz entrou já chorando. Ela ouviu. No meio das palavras salgadas, ela identificou um mãe. Mas qual filho?. Ver o futuro nem sempre é lembrar do passado. Ele a beijou, como quem esconde algo. Ela sentiu: um beijo é sempre uma mentira dos lábios. Com a mão direita, como quem pensa, ele afastou a mecha mais clara que cobria o olho dela e ficou em silêncio. Nunca se é jovem no tempo certo, ela chorou. Como quem vive. Ele pediu para que ela falasse novamente. Você irá morrer logo, agora ela falou a verdade. Antes de mim, completou. Ele soltou a mão dela, que não ondulava. Você sabe, talvez só pensou, que essa natureza não nasceu com você, dirigindo os olhos esbranquiçados direto para o meio das sobrancelhas dele. Eu vejo que você tem muita dor, querido. Mas ela vai passar. Você enxugará seu rosto com as costas da mão esquerda, você até sorrirá, e ela também sorriu, mas quando você entender isso, seu corpo já será apenas sombra de você mesmo, debaixo de um Ford cinza chumbo. Como quem pensa.

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