as noites de Natal
Hey, don’t be too hard on yourself
I’ll be ok
‘cus we won’t leave this place any worse
than when we came
(Norah Jones)
Quando saiu do banheiro ele já estava só de cueca, olhando
pela janela do quarto. Virou-se para ele, com os olhos cheios da satisfação de
poder ver o que o outro via, exatamente os limites, os limites!! Uma mão
escorregou pela nuca, uma mão vazia. Outra mão, essa perdida, encontrou os
dedos magros e muito brancos. Duas bocas. Mas não iriam além de um beijo. Um beijo
era demais para se estar assim tão perto. As distâncias, as feridas nas costas
e o chão cheio de sangue amarelado. Ninguém se feriu ali. As feridas vieram de
muito tempo e já deviam ser cicatrizes, mas até então não houve uma pessoa que
pudesse lambê-las até que tudo fosse só uma lembrança. E mesmo que assim fosse,
uma lembrança já é uma faca cega demais para cortar precisamente; só para fazer
uma bagunça na alma e fabricar muito sangue, além de muita lágrima. Mas as mãos
não se encontraram.
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