sonho de poesia

não dá pra andar
mas eu morro
levando comigo umas montanhas
e prédios comerciais

e a premonição dessa violência
sem ação ou golpe de ar
não ilumina mais o mundo
que uma lágrima de horror verdadeiro

perdi a compaixão num atropelamento
que não parou o trânsito
numa preguiça que não salvou o mundo
num emprego assalariado do sonho de poesia

que eu tive me prometendo um messias suicida
que imploraram para não falar nada
mas amaldiçoar o mundo cheio e rápido
com sua palavra desaparecida
que os videntes não contaram, não pregaram
mas amaram desde quando qualquer coisa
era possível

Comentários

Anônimo disse…
Lindo (,) Arthur. Tenho muita afinidade com seus escritos, você tem aquela habilidade, aquela forma meio intrusa, lembrando Caio e Clarice, de dizer o que a gente pensa, mas não consegue expressar com tanta sensibilidade - seria esse o papel da literatura?
Jeff
VALDENIDES disse…
Lembrando Caio, Clarice, sim, mas lembrando você mesmo, nessa sua necessidade absurda de dizer a vida. Ou de dizer a vida ab-surda.
FOXX disse…
fiquei aqui pensando quando perdi minha compaixão, ou se não a perdi, ainda a tenho?
Flagama disse…
Preciso entrar em contato com voce para falar sobre a vaga no concurso da UFRN. Estou logo abaixo de vc na classificação. Tenho URGÊNCIA nesta vaga. Aguardo retorno.

Flávio fhildemberg@hotmail.com

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