1Q84 vol 1, de Haruki Murakami


 
Este foi o primeiro livro que li do meu projeto que visava conhecer as literaturas contemporâneas de outros países, fora do eixo Brasil-EUA-França (o eixo que geralmente guia minhas leituras).
O título dessa trilogia foi o que mais me chamou atenção de início. Eu li, em vários lugares, que havia por trás do plot principal uma inspiração em 1984, do George Orwell. E isso me deixou muito intrigado.
Pois bem, o livro é divido em capítulos narrados pela perspectiva de Aomame, uma personal trainer/educadora física que, nas horas vagas, maltrata homens que cometeram crimes contra mulheres e se safaram da justiça; e Tengo, um professor de matemática de uma escola preparatória que tenta, avidamente, publicar alguns dos romances que escreveu.
Em grande parte do romance, nós não conseguimos entender a relação existente entre as duas personagens. Aomame lida com questões que a fazem acreditar que ela vive em uma linha temporal diferente, coisas como o fato de, de repente, existirem duas luas no céu e todo mundo achar isso completamente natural e fatos do passado que parecem ter sido apagados e reescritos e apenas Aomame lembra deles (aqui está alguma semelhança com 1984, embora em 1Q84 isso não tenha ocorrido deliberadamente). Isso a faz acreditar que não está mais no ano de 1984, deve haver uma linha temporal paralela que ela nomeia de 1Q84 (daí o título). Tengo, porém, parece viver no mundo “normal”, nada de duas luas, nada de fatos do passado reescritos. Mas sua vida muda completamente quando um amigo seu, agente literário de um concurso no qual Tengo se inscreve todo ano mas nunca ganha, lhe pede para reescrever um dos romances que está concorrendo ao prêmio, tem potencial, mas precisa ser reescrito. É aí que Tengo conhece Fukaeri, a jovem com dislexia que ditou a história, supostamente verídica, para que sua amiga a escrevesse.
O  mistério de Aomame vai se desenrolando devagar, mas no fim do livro causa uma grande surpresa. O que mais chama atenção nesse primeiro volume da trilogia é a relação entre Tengo e Fukaeri, meio erótica, meio banalizada. Fukaeri só confia em Tengo para lidar com todas as questões do prêmio literário, que ela ganha e, instantaneamente, seu romance vira um best-seller no Japão. A história gira em torno de uma colônia rural nas montanhas do que serve a um povo chamado “Povo Pequenino”. Muitos mistérios rondam essa história, mas o principal é que, apensar do seu teor fantástico e terrível, Fukaeri garante que o seu livro, chamado “A crisálida de ar”, é real. Mais a frente, muitas coincidências são descobertas por Tengo entre a história da própria Fukaeri e da Crisálida de ar, o que torna o mistério ainda mais profundo.
Apesar de todo esse clima, o livro lida com muitas outras questões, como a vida moderna, a política dissimulada (outro ponto em que este livro cruza-se com 1984 de Orwell) e o papel da mulher nas relações sociais japonesas.
Como a história é uma trilogia, não quero falar muito sobre o que acontece, pois isso pode estragar o prazer de alguém na leitura. Já tenho o segundo volume e pretendo lê-lo em janeiro. Logo, logo posto outro texto falando sobre o volume 2.

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