Magnus Chase e os deuses de Argard: a espada do verão, de Rick Riordan

Todos conhecem Percy Jackson e a história do garotinho deslocado na escola que tem problemas de convivência e de aprendizado que, de repente, descobre que é filho de um dos deuses do Olimpo. Pois bem, assim como a história dos Kane (que eu ainda não li) a história de Magnus Chase segue a mesma estrutura, algo que, de início, me pareceu bem pouco original da parte do autor. A diferença é que Magnus é filho de um deus nórdico. Em consequência disso, toda a mitologia é diferente, as noções de herói e honra também sofrem pequenas mudanças, nada muito perceptível para quem não lê o livro com muita atenção.
Magnus vem de uma família de pessoas ricas, estudiosos, etc, mas acaba indo morar na rua depois que sua mãe morreu e ele resolveu se afastar de todo o resto da família, de quem ele não gostava muito desde sempre. Tudo muda quando um gigante o ataca e seus dois amigos de rua, Hearth e Blitz, tentam ajudá-lo. Eles não conseguem e Magnus acaba morrendo, não sem antes descobrir que embaixo da ponte, onde a luta acontece, no rio, uma espada havia sido escondida, possivelmente mágica e possivelmente do seu pai, a quem Magnus nunca conheceu.
Isso tudo acontece muito rápido, acho que em menos de 100 páginas Magnus já está morto e em um hotel muito esquisito cheio de pessoas meio bárbaras, galhos de árvore que passam pelo hotel inteiro e funcionários também bastante esquisitos (qualquer semelhança, dessa parte, com o acampamento meio-sangue, não é mera coincidência, afinal de contas, os livros do seguimento YA - young adults, ou como chamamos, infato-juvenis - seguem sempre uma fórmula ou um padrão de sucesso de vendas, então sempre haverá o garoto ou a garota que não se encaixa e precisa lutar para mostrar o seu valor ao lado dos seus amigos, ou a “escola”, um lugar onde o protagonista precisa descobrir como crescer mais rápido que o normal para alcançar seus objetivos).
Como não pode faltar, Riordan reformula a mitologia clássica das culturas e esse hotel onde Magnus vai parar é o hotel Valhala, um palácio na mitologia original, onde os heróis se preparam à espera do juízo final, o Ragnarök. Lá Magnus descobre de quem é filho, descobre que também é um outsider no hotel Valhala, pois deveria ter ido para as terras de sua tia, a deusa Freya.
Magnus fora levado ao hotel por uma valquíria bastante desacreditada por ser filha de Loki. Dessa forma, a encrenca está armada. Várias pessoas começam a julgar se Magnus deveria estar mesmo ali, a validade e a honra da Valquíria que o levou até lá (afinal de contas, ela era filha do deus das mentiras, o Loki).
A partir disso Magnus entra em uma jornada para realizar os objetivos e salvar o mundo da destruição.
Mais uma vez, a semelhança com Percy Jackson é perceptível, mas a história ainda é bastante original para ter força e superar essas semelhanças.
Algo que me incomodou bastante, entretanto, é o entrecruzamento do mundo de Percy com o de Magnus. Isso acontece pela presença de uma personagem comum às duas sagas: Annabeth Chase, prima de Magnus. No final do livro dá a entender que os dois contarão um ao outro a descendência dos deuses, mas durante o livro inteiro isso não é explorado. Fiquei curioso para saber como Riordan explicará a existência de dois panteões absolutos de deuses que, em tese, são antagônicos ou, pelo menos, impossíveis de existirem juntos.
O primeiro livro vale a espera da sequência, com certeza, apesar de ser um pouco longo e, justamente por isso, o tom de escárnio e brincadeira do autor cansar um pouco. A leitura de Percy Jackson é bem mais fluida.
O trabalho da editora Intrínseca não é dos melhores, deixando escapar alguns erros de português de vez em quando, mas não desagrada por completo. O livro vale a pena.
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