olhos de gato

do outro lado, o mais escuro, do muro
no fim da rua estranha
de frente a uma casa onde o vento fica mudo,
onde um gato sujo expõe as suas entranhas

com olhos de risco, sem pupílas,
portais de um submundo,
e pessoas, guardiãs, desaparecidas,
comem uma espécie desconhecida de fungo.

obscura fantasia, cortina de uma hediondez,
de uma desvirginal desgraça.
um anjo cortês
engole milhões de séculos de uma só vez e um pedaço da própria asa.

em seu rosto nada há de divino,
nem de um toque maléfico.
um anjo menino
permanece escondido com seu futuro profético.

Comentários

Bela poesia Arthur, retratando esse "anjo menino" misterioso.
Gostei da estrutura da poesia.
Grande abraço, sucesso e obrigado pela visita.
FOXX disse…
vc começou o texto com um paganismo tão bonito, eu esperava bruxarias, não anjos, acho q os dois temas, olhos negros das profundezas e anjos meninos não combinam muito bem! pq estou errado ou não, mas o gato é o anjo tb, não?
Anônimo disse…
[...]em seu rosto nada há de divino,[...] sim um vislumbrar ...
anjos e bruxas sao equilibrio ... yn, boa.
[...]em seu rosto nada há de divino,[...]
uau! ótimo!

obrigado por ter gostado, novidades só esporadicamente hehe

abraço!
Luiz Rosa Jr. disse…
Usa de abstrações e figuras em teu poema mas ao mesmo tempo é tão crítico e objetivo. Muito bom teu poema, parabéns pelo blog e inspirações, um abraço!!

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